sexta-feira, 26 de novembro de 2010


O Povo Carioca Não Merece Isso!

Não obstante, o crime organizado que mais uma vez desafia as instituições de Estado e ataca ferozmente a população carioca e não apenas as forças repressoras estatais, observo através da imprensa e começo a refletir sobre as causas e não sobre as conseqüências desses fatos.

Com efeito, a solução não é colocar caveirões, marinha, exército pois, não tenho nenhuma dúvida, violência, só gerará mais violência ainda! Se não, é só observarmos o que ocorre hoje no Haiti onde sua população pobre é alvejada com tiros na cabeça pelas forças repressoras da ONU comandada pelos generais brasileiros.

Em todos os debates que tenho visto, todos se preocupam, na verdade, com sua própria segurança. Desconhecem a vida do pobre brasileiro, desconhecem seus problemas e, o que é pior, as possíveis soluções para toda essa conjuntura.

Comecemos a analisá-la. Um jovem é bombardeado em menos de dois minutos, pelas peças publicitárias televisivas, em adquirir uma enorme gama de produtos que vão desde um tênis onde um atleta entrega-lhe em seu apartamento até uma cerveja com uma moça – em princípio, de beleza “ariana” – acompanha-o e com um pouco de sorte beijar-lhe-á! Se pusermos isso no lápis, esses dois minutos não saem por menos de mil reais, podendo chegar a cem mil fácil, fácil. Não é difícil aparecer uma propaganda de um carro que o coloca “acima” dos demais! É muito consumo para pouca grana! Se pensarmos que o DIEESE defende um salário mínimo real em torno de dois mil reais e que as centrais lutam bravamente para “tentar” conseguir quinhentos e oitenta reais e, me parece, não irão conseguir mais que quinhentos e quarenta reais, essas peças publicitárias chegam e me causar náuseas. E como esse jovem pode conseguir um emprego honesto para poder adquirir todos esses bens? Trabalhando é muito difícil, mesmo porque o chamado “mercado de trabalho” não suportaria ao menos no modelo de produção capitalista, que todos tivessem a menor possibilidade de adquirir todos esses bens e, mesmo porque, o parque industrial mundial não suporta atender o consumo do conjunto da população mundial, afinal, não é por acaso que a fome na África, a miséria em parte do Oriente Médio, o cólera e a forma como vivem os haitianos hoje, é tido e achado como tudo muito normal!

Com esses dados se conclui que a culpa dessa situação não é do morador das favelas (comunidades, para ser politicamente correto), em mesmo dos crápulas do tráfico, que acabam sendo não só os algozes da população, mas vítimas de si próprios não só no que se refere a curta vida em que levam por conta da disputa por pontos de drogas, mortes em confrontos policiais, mas também pelo uso indiscriminado do produto que vendem e acabam sucumbidos devido as dívidas deixada com as “altas patentes” do narcotráfico. Posso concluir que o verdadeiro responsável por essa situação, sem medo de errar é, sim, o sistema capitalista que consegue gerar todo esse tipo de expectativa em parte dessa população que não tem e nem nunca terá nesse sistema de produção, o direito a todos esses bens. Não é por acaso que em 1936, Leon Trotsky escreveu “Socialismo ou Barbárie” em que atribuía a injusta distribuição de riqueza desse modo de produção, a todas as conseqüências nefastas que seriam arcadas pela população mundial e advogava que só a mudança para a socialização desse modo de produção poderia resolver todo esse caos a que vemos assistindo “via telinha” e que os especialistas, nem de longe, atacam o âmago desse problema.

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