segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Na crise mundial, outra vez a luta da juventude


28 de agosto de 2011
Nas ultimas semanas acompanhamos no Chile a juventude que está nas ruas para garantir o direito a educação pública gratuita, lutando contra a privatização que vem desde Pinochet, autor da lei que não foi revogada, assim como a reversão da municipalização do ensino. Ao lado dos trabalhadores lutam e se solidarizam com a exigência das suas reivindicações. Enquanto isso o governo chileno de Piñera não avança em uma proposta ao movimento e no próximo dia 11 de setembro, quando completa 38 anos do golpe do ditador Augusto Pinochet, se prepara uma grande manifestação. Agora todo o movimento entra em greve geral, convocado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) chilena, levando dezenas de milhares às ruas. Em Londres, ainda que com características e formas diferentes, a juventude, os emigrantes e a parcela pobre da população foram às ruas em resposta a ação policial, mas principalmente também como reflexo das conseqüências da crise, ainda que a mídia queira resumir tudo a baderneiros e saqueadores.
 
[Jovens e trabalhadores saem as ruas no 1º dia de greve geral do Chile] 
Em diversas partes do mundo, cada país com as suas características e em escalas diferentes, a juventude não aceita pagar a conta da crise e muito menos ser uma geração perdida e se organiza e luta para defender o seu futuro.
A crise do capitalismo que vem desde 2008/2009, se aprofunda e faz com que o governo dos EUA aprove um plano, após o apelo de Obama ao acordo entre os partidos republicanos e democratas, mesmo que sem um consenso, o que fez o mercado desconfiar se o governo conseguiria de fato aplicar os cortes nos serviços públicos, esse acordo prevê cortar trilhões de dólares de despesas públicas até 2022. Tudo isso para alimentar o mercado especulativo. Mesmo assim não resolveu o problema e o grande exemplo foi à queda em todas as principais bolsas de valores do mundo um dia após a aprovação do plano, representando a insegurança que todos vivem de uma próxima recessão.
No Brasil as conseqüências da crise também atingem a juventude
Mesmo que em um ritmo diferente do que vemos na Europa e EUA, no Brasil os reflexos da crise já aparecem. No inicio do ano tivemos o corte de 50 bilhões no orçamento da união, que sangrou 3 bilhões do MEC. Agora o governo aprova um plano de desoneração da folha do INSS em 4 setores, o que significa que os patrões serão poupados de pagar R$ 25 bilhões. Um verdadeiro ataque aos trabalhadores e jovens. Essas medidas do governo Dilma do PT, estão na contramão das necessidades de trabalhadores e de jovens.

Não é a toa que crescem as mobilizações e greves em que os trabalhadores se defendem dos duros ataques que os patrões tentam aplicar. E é com esse espírito também que toda a juventude deveria se armar para se defender. E se por um lado vemos a direção majoritária da UNE frear todas as iniciativas de mobilização e luta dos estudantes, com a composição do Blocão (PC do B, PPL, Kizomba, Construindo um Novo Brasil, PSB, PDT etc.), por outro vemos os esquerdistas do PSOL ajudar ao governo, se negando a se dirigir a ele e exigir as reivindicações. Foi o que pudemos ver no último congresso da UNE, que poderia ajudar na unidade e convocação de lutas concretas da juventude e deixou muito a desejar. Por exemplo, como a exigência a Dilma que destine 1,3 bilhões para assistência estudantil, que foi vetada por um setor do PSOL (CST), com a argumentação que não devemos exigir nada de Dilma, e dessa forma apenas auxiliou na política de blindagem do governo que a direção majoritária da UNE (PCdoB etc.) faz.

Com o objetivo de ampliar o combate para que a UNE construa lutas para exigir do governo as demandas, que nós da Juventude Revolução nos contrapomos ao Blocão e nos dirigimos a todos os setores, “por uma UNE independente e de luta em defesa das nossas reivindicações” como dizia o nosso manifesto distribuído no congresso. Nos dirigimos em particular aos companheiros da União da Juventude Revolucionaria – UJR propondo unidade com base em pontos comuns e para exigir de Dilma o atendimento das reivindicações concretas dos estudantes. Após uma resposta que sinalizava nesta direção e que começou a se concretizar com a defesa de propostas e iniciativa comuns no congresso, a política da chapa que fecharam no congresso (com o PSOL) expressou o contrário.
O que vimos foi a reedição de uma chapa da chamada “Oposição de Esquerda” da UJR e setores do PSOL, que defendeu a construção em conjunto com a ANEL, entidade criada pelo PSTU para dividir os estudantes, um plebiscito de 10% do PIB para a educação. Uma política que na prática, serve para deixar livre o blocão e joga contra a unidade dos estudantes, ajudando aqueles que promovem a divisão e destruição da UNE. Afinal, como avançar a luta na UNE sem combater em defesa da entidade contra a divisão e ao mesmo tempo combater a política da direção?
Além disso a defesa de 10% do PIB para a educação, que de uma aparente tom de luta unitária no congresso da UNE que ainda é defendida pelo PSTU, pode representar uma armadilha para a educação. Pois se o PIB do Brasil diminuísse no ano que vem, como aconteceu em 2009, aceitaríamos que as verbas para a educação diminuam? Se o orçamento é vinculado, esse seria o argumento do governo, como foi na questão do salário mínimo. 
O que precisamos é de um valor concreto. Se, por exemplo, hoje precisamos do equivalente a 10% do PIB atual, então temos que exigir R$ 300 bilhões, e continuar lutando por mais, para que não tenha redução das verbas da educação. Mesmo que o PIB diminua.
Essa unidade em torno dos 10% do PIB se explica pela convergência do discurso de crescimento do país repetida exaustivamente pelo governo, e até pelo PSTU (mesmo se admitem a crise mundial), que leva a concluir que no cenário de crise, o Brasil continuaria “crescendo”.
Mas é preciso perguntar: o país está crescendo para quem? Para os trabalhadores e juventude é que não é. Afinal, tudo o que os trabalhadores e a juventude obtiveram foi produto de muita luta e pressão, no caso das universidades, sobre o governo e as reitorias.
Estaria o Brasil salvo da crise?
Quando em 2008 a crise do capitalismo se abateu sobre o mundo, Lula afirmou que aqui iria bater só uma marolinha.
Marolinha essa que para cerca de 1 milhão de trabalhadores, foi um Tsunami que devastou seus empregos, e em muitos casos precarizou e reduziu os salários.
Apenas com medidas de proteção da nação é que o Brasil poderá enfrentar a crise. O governo Dilma precisa tomar medidas para proteger a nação e garantir a soberania nacional, a começar pela recomposição do orçamento de R$ 1,3 bilhões do MEC. Reestatizar as empresas privatizadas e estabelecer uma Petrobras 100% estatal.
A jornada de lutas da UNE que se prepara para a próxima semana deve ter no centro essas reivindicações.
Joelson Souza: membro do Conselho Nacional da Juventude Revolução 
extraído do site Juventude Revolução

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