quarta-feira, 17 de setembro de 2008

DECLARAÇÃO DA 4ª INTERNACIONAL SOBRE A SITUAÇÃO NA BOLÍVIA

 

Apoio incondicional ao povo boliviano e seu governo legítimo!

Fora a ingerência do imperialismo estadunidense!

 

Há meses, a administração Bush e seu embaixador em La Paz, Philippe Goldberg, não param de tramar um golpe contra o governo legítimo de Evo Morales. Para eles esse é um governo culpado de decretar, em 1º de maio de 2006, a nacionalização do gás e dos hidrocarbonetos; de nacionalizar a empresa de telefonia Entel e uma série de empresas e serviços estratégicos; de ter feito reforma agrária e começado a discutir com a COB o restabelecimento de um sistema de aposentadoria por repartição. A administração estadunidense procede da mesma maneira que procedeu quando Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela: tentou, por todos os meios, apoiar um golpe de Estado para reverter a situação, em 11 de abril de 2002.

 

O embaixador estadunidense, Philippe Goldberg, não é qualquer embaixador. Antes de chegar à Bolívia, em 2006, ele trabalhou no escritório do Departamento de Estado para a Bósnia durante a guerra de esfacelamento da Iugoslávia. De 2004 a 2006, ele foi o chefe de missão em Prístina (Kosovo), jogando um papel fundamental na pseudo "independência" de Kosovo e na "separação étnica" entre kosovares e sérvios.

 

É o próprio Philippe Goldberg quem retoma essa mesma tarefa na Bolívia, financiando e planejando com os prefeitos de Santa Cruz, Tarija... o esfacelamento da Bolívia. Ele até prometeu o envio de tropas sob a égide da ONU para garantir a separação destes departamentos.

 

Essa política que vilipendia hoje os direitos mais elementares do povo boliviano é a política de Bush no mundo inteiro. Uma política que, em nome da "guerra sem fim", já provocou 1.200.000 mortes no Iraque, estendeu a guerra para todas as regiões (Afeganistão, Paquistão...) e incitou um confronto entre os povos do Cáucaso. É essa política que pilha a riqueza de todos os países. É a política que sofrem os trabalhadores e o povo dos Estados Unidos, atacados nos seus direitos mais elementares, direito ao trabalho, à saúde, à moradia...

 

É a única resposta que o imperialismo pode dar quando confrontado à assustadora crise econômica que se agrava a cada dia, e que demonstra uma vez mais a falência do sistema apodrecido da propriedade privada dos meios de produção.

 

A Quarta Internacional e suas seções, que combatem pela expropriação de todos os grandes meios de produção, de troca e de distribuição, pelos Estados Socialistas das Américas, defende incondicionalmente o governo de Morales e o governo de Chávez contra toda a ingerência do imperialismo.

 

O plano do imperialismo estadunidense de destruição da Bolívia, de pilhagem desenfreada de suas riquezas, choca-se com a resistência corajosa dos trabalhadores, dos camponeses, notadamente de suas confederações, a maioria esmagadora do povo e de seu governo legítimo.

 

O que está em jogo, declarou Evo Morales, "não é somente a unidade da Bolívia, é toda a América do Sul". Ele tem razão. Os trabalhadores, os camponeses, o povo boliviano estão na vanguarda do combate pela soberania, pelos direitos dos trabalhadores e dos povos, inclusive os do povo estadunidense. Seu combate é o combate dos trabalhadores e do povo mexicano pela defesa da empresa nacional de petróleo PEMEX, é o combate dos povos do Peru, do Equador... e de todo o continente.

 

É o que explica o fato, sem precedentes, de nove presidentes de países da América do Sul, reunidos em 15 de setembro em Santiago no Chile, declararem que apóiam o governo legítimo de Evo Morales contra as atividades que colocavam em questão a soberania e a integridade da nação boliviana.

 

O povo boliviano, os povos de todo o continente

estão confrontados a enormes perigos

 

No momento em que bandos paramilitares do prefeito do departamento de Pando (departamento do norte da Bolívia), Leopoldo Fernandez, massacraram uma marcha de camponeses que se dirigiam a um encontro sindical em defesa da nação, provocando trinta mortes, Evo Morales se dirigiu, em 11 de setembro, a todas as organizações e em especial à COB, para estabelecer a mais ampla união em defesa da democracia e da unidade da nação.

 

A Quarta Internacional faz sua a declaração de La Chispa, grupo simpatizante da Quarta Internacional na Bolívia, que responde com suas palavras ao chamado de Evo Morales:

 

"A situação que se vê na Bolívia é cada vez mais perigosa. O imperialismo estadunidense, com as oligarquias, está disposto a ir até as últimas conseqüências: 'Se o governo quer a guerra civil, ele a terá', declara o dirigente regionalista de Santa Cruz, Milton Valdez. Dividir nosso território, criar um confronto entre os bolivianos para permitir que nossas riquezas naturais sejam controladas pelas multinacionais. Esse é o objetivo da oligarquia!

 

No referendo de 10 de agosto, no qual a grande maioria da população boliviana, 67%, disse "sim" a Evo Morales, disse "sim" à unidade da Bolívia, disse "sim" ao processo revolucionário em curso, produto dos combates populares, incluindo os departamentos em que o resultado eleitoral em favor do presidente aumentou muito, mostrou que a população é cada vez mais consciente da política de divisão das oligarquias e que ela está disposta a lutar para defender a unidade de seu país (...). 

 

Apoiamos o governo de Evo Morales na expulsão do embaixador dos Estados Unidos. Apoiamos igualmente a decisão de Chávez fazer a mesma coisa, e nós apoiamos as manifestações dos trabalhadores, dos camponeses e dos jovens que amparam a Bolívia.

 

O que acontece na Bolívia é crucial para o desenvolvimento da revolução na América Latina. É o confronto entre revolução e contra-revolução que marca a situação no continente (...).

 

É urgente que nossa central operária boliviana responda ao chamado do governo: "Eu faço um chamado à COB e aos movimentos sociais para a defesa da democracia e da unidade do país".      

 

Sim, a COB deve estar na primeira fileira para derrotar os separatistas. É necessário que a COB, com o governo, e o MAS, com as organizações camponesas e populares, constituam uma frente única para organizar ações concretas e garantir a unidade do país contra as oligarquias e o imperialismo".

 

 

A tarefa mais urgente é construir em todo o continente uma frente única de partidos operários, de sindicatos e de organizações democráticas em defesa da soberania e da unidade da Bolívia!

 

A Quarta Internacional e suas seções, que jamais esconderam suas diferenças em relação aos dirigentes e à política do Partido dos Trabalhadores do Brasil, traz todo seu apoio à posição clara e nítida do Partido dos Trabalhadores que, em 12 de setembro de 2008, declarou sua "inteira solidariedade com o governo de Morales, diante dos atentados realizados por um setor fascista e racista da oposição de direita. O comportamento desse setor da oposição boliviana é claramente separatista e, segundo o governo boliviano, é admitido pelo apoio da embaixada estadunidense. Parece claro que o objetivo é o de provocar o governo para que se reprima os manifestantes de direita, procurando assim dividir as forças armadas e criar um pretexto para a guerra civil.

 

O governo Morales reafirmou seu objetivo de resolver democraticamente o conflito (...) mas ele foi também muito claro em sua obrigação constitucional de defesa dos cidadãos bolivianos que se viram ameaçados pelo terrorismo fascista.  

 

O Partido dos Trabalhadores, assim como todos os movimentos sociais, partidos e governos progressistas de todo o mundo manifesta seu apoio e sua solidariedade ao governo de Morales, eleito e confirmado pela maioria do povo boliviano".

 

Essa declaração é um chamado à unidade de todas as organizações da classe operária, dos sindicatos camponeses, das organizações democráticas e populares do Brasil e de todo o continente.

 

A Quarta Internacional e suas seções respondem a esse chamado dizendo: sim, não existe tarefa mais urgente que o combate conjunto pela defesa da soberania e da integridade da Bolívia, contra a ingerência estadunidense.

 

A Quarta Internacional e suas seções são e serão parte integrante de todas as iniciativas nesse sentido e fazem um chamado imediato de manifestação diante das embaixadas estadunidenses pelo respeito à soberania e à integridade da nação boliviana.

 

Ajudem-nos a organizar manifestações em todo o continente!

Apoio incondicional ao povo boliviano e a seu governo legítimo!

Abaixo a ingerência do imperialismo estadunidense!

 

Secretariado Internacional da Quarta Internacional,

16 de setembro de 2008 



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