sexta-feira, 23 de julho de 2010

Opinião: Eleições 2010, o que fazer?

07 de julho de 2010
* Por Carlos Henrique

A Juventude Revolução – IRJ, sabendo da importância da eleição para Presidente da República de outubro próximo, em seu 11º Encontro Nacional aprovou um conjunto de resoluções, com a defesa das reivindicações da juventude, e indicou apoio à candidatura de Dilma.

Não queremos a volta do PSDB (que privatizou a empresa Vale do Rio Doce, que entregou o nosso petróleo) com Serra, o cara que atacou a autonomia das universidades estaduais em São Paulo numa tentativa descarada de privatizá-las, mandou a PM bater em nós estudantes na USP e nos professores do Estado em greve, o mesmo que foi responsável por acabar com o médico sanitarista quando era Ministro da Saúde.


Por sermos uma organização autônoma frente à partidos políticos, mas não apartidária - e que fique claro: apoiar Dilma, não significa filiar a JR–IRJ ao PT -, alguns pontos devem ser discutidos entre nós à respeito.

O que está em jogo nessas eleições?

Chamamos voto claramente em Dilma, pois queremos estar ao lado da maioria da juventude e dos trabalhadores, que junto com suas organizações de forma independente votarão nela. Mas por que chamamos abertamente voto em Dilma?

Nós não queremos fazer a mesma coisa que aqueles que não defendem os nossos interesses. A começar pela candidatura armadilha de Marina Silva. Ela se apresenta como uma alternativa de “esquerda”, mas esconde a sua política por traz do discurso “verde” (ambientalismo), junto com os hipócritas capitalistas. Não fala de reforma agrária para resolver o problema da terra aos que dela são privados; sobre o desmatamento, não fala da atualização do índice de produtividade da terra, já que no Brasil uma cabeça de gado ocupa, em média 400 km²; não fala de dar moradia às milhares de pessoas que são expulsas de suas casa nas cidades e acabam construindo suas casa em lugares inapropriados, a exemplo dos recentes acontecimentos no Rio de Janeiro e Nordeste. Além de tudo, é contra a legalização do aborto (negando o direito à vida à milhares de mulheres que morrem diariamente nos hospitais públicos) e defende as privatizações, assim como Serra.

Não há problemas ecológicos mais graves que a fome, a miséria, o desemprego.

A dita “extrema” esquerda

Hoje representada por Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Zé Maria (PSTU). Dizem que as duas candidaturas são iguais (Dilma e Serra), que querem “desmistificar a falsa polarização” entre PT e PSDB. Sabemos que isso é mentira, que querem apenas apresentar à juventude uma realidade onde não há alternativas. Negam que foram dobradas as vagas nas universidades federais, negam o piso salarial nacional dos professores, negam o aumento do salário mínimo, conquistados pelos trabalhadores que exigiram de Lula que cumprisse com aquilo para que foi eleito.
No dia 25 de junho de 2010, na USP, militantes do PSTU chegaram ao ponto de dizer que vão se opor à qualquer medida do Governo Lula, seja ela qual for. Ou seja: danem-se as nossas reivindicações!

Claramente não estão do lado da juventude e seus direitos. A começar, recusam-se em dirigir as nossas reivindicações ao Lula, recusam-se a apoiar o projeto da FUP (Federação única dos Petroleiros), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e dos movimentos sociais. Essa é a alternativa que pretendem ser?

Os fatos como eles são

Após as primeiras discussões com a posição adotada no 11°ENJR, podemos avaliar que acertamos em nossa posição.

Um estudante da USP em discussão com militantes da JR, afirmou: “Fiquei chocado quando fui à uma atividade do PSTU e eles falaram que são contra tudo que o Governo fizer”. Ou seja: são contrários ao aumento do salário mínimo, são contrários ao aumento do número das ETEC´s (Escolas Técnicas), são contrários ao aumento de vagas nas universidades Federais. “Quero fazer campanha da Dilma com vocês, quero estar ao lado de vocês nessa dura luta pra derrotar Serra”, completou.

Temos um espaço para ajudar a juventude na luta pelas suas reivindicações. Um estudante da Pós-graduação na USP, após a leitura do nosso manifesto falou: “concordo com o manifesto e estaremos juntos nessa campanha”.

Ao mesmo tempo, podemos dar respostas aos estudantes que querem votar em Marina Silva com a discussão política. Após um longo debate sobre a política de Marina, suas relações com os patrões e que nada propõem de forma concreta aos jovens e trabalhadores, um militante do núcleo da USP afirmou: “Mudei completamente minha posição sobre Marina”.

Sem ilusões

Não temos ilusão que a candidatura de Dilma atenderá todas as nossas reivindicações sem nenhuma pressão, sem que a gente exija a ela de forma organizada. Sabemos que ela pode atender as reivindicações dos trabalhadores e da juventude apenas com a luta, mas, repito, ela pode, ao contrário de Serra, e a nossa independência – política e financeira – nos permite, dirigir nossas reivindicações à ela.

Pela nossa autonomia frente aos partidos políticos, aceitamos em nossas fileiras jovens que façam campanhas para outros candidatos. Estamos abertos ao dialogo e ao convencimento político. Mas não nos furtamos do debate, pois, só através dele, podemos alcançar a unidade tão necessária para nossas lutas.

* Carlos Henrique é estudante de historia da USP e membro do Conselho Nacional da Juventude Revolução

(DO SITE DA JUVENTUDE REVOLUÇÃO -IRJ)

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